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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 890-2

890-2

Contribuições da educação ambiental dialógica e da perspectiva eco-relacional para a didática de ensino e aprendizagem básica em microbiologia

Autores:
Ana Natália Duarte Lima (UFC - Universidade Federal do Ceará ) ; Inambê Sales Fontenele (IFCE - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará) ; Edmo Montes Rodrigues (IFCE - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará) ; Antônio Cláudio Moreira Costa (UFU - Universidade Federal de Uberlândia)

Resumo:
A Educação Ambiental Dialógica tem contribuições relevantes para guiar as práticas educativas da microbiologia, por valorizar e privilegiar a interculturalidade, viabilizar a contextualização e a participação coletiva dos/as educandos/as na ação-reflexão crítica de suas experiências nesses universos locais somadas as informações já elaboradas pelos materiais didáticos. Uma educação comprometida com a transformação socioambiental requer a superação do paradigma que sustenta a razão instrumental, as posturas individualistas e os saberes fragmentados, consequência da lógica liberal moderna, cujo sistema econômico e social excludente disfarça-se em desenvolvimento. Dessa maneira, o propósito desse trabalho é explicitar as contribuições das reflexões-ações realizadas no Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Ambiental Dialógica, Educação Intercultural e Cultura Popular – GEAD, ao analisar a importância teórica e metodológica da Perspectiva Eco Relacional – PER (Figueiredo, 2007) para guiar intervenções didático-pedagógicas ao ensino básico de microbiologia. Nossos estudos voltam-se para uma perspectiva dialógica, intercultural, freiriana, ambiental e decolonial, que envolve educadores numa prática pedagógica político-crítico-científica na ruptura dos paradigmas da dominação, e que respeita as diferenças, a valorização e o respeito pelos seres humanos e não humanos. Entendemos que o olhar da PER nos reconecta como seres naturais, pertencentes a um ecossistema planetário de relações interdependentes que nos permitem novas formas de conhecer os seres microscópicos que participam dessa rede de relações ecológicas que mantem o ecossistema. A proposta reconhece e viabiliza conhecimentos construídos pela experiência, crenças e costumes populares transmitidos oralmente e, que estão à margem dos saberes curriculares, elaborados numa tessitura colaborativa criada por conhecimentos construídos nas relações cotidianas humanas e com outros seres e ambientes que interagem. Destacamos quatro concepções metodológicas: Grupo-aprendente volta-se à valorização grupal e individual construída na convivência afetiva; Saber Parceiro é a trama que parte de saberes individuais distintos para um saber coletivo interrelacional; Autores epistêmicos compreendem que as pessoas envolvidas aprendem e ensinam ao construir e reconstruir saberes; e a Ecopráxis como ação refletida que se amplia a todos os componentes que nos circundam. Concluímos que uma didática Eco-relacional carrega reflexões teóricas, permite uma construção coletiva-afetiva de conhecimentos capazes de questionar e desconstruir mecanismos estruturais que reforçam a naturalização da submissão e exploração colonializantes, saberes necessários não apenas para compreender o mundo, mas para se sentir capaz de transformá-lo.

Palavras-chave:
 educação, ensino, interculturalidade, construção de saberes